Texto autoria de:Gustavo de Oliveira Silva
Desde fevereiro sabemos de casos de pacientes, principalmente na China e na Coreia do Sul, que voltam a testar positivo após a suposta cura da Covid-19. Os sintomas voltam após dias ou semanas podendo levar à morte. Porém, antes de discutirmos se é possível uma reinfecção, devemos entender como é feita a liberação desses pacientes.
As pessoas infectadas são consideradas curadas após testarem negativo em dois testes consecutivos em menos de 24 horas. Os testes são feitos a partir da reação em cadeia da polimerase (PCR), uma técnica que busca partes do material genético do vírus utilizando reagentes. Sabendo disso, vamos às hipóteses: A primeira, e mais óbvia, é de que a pessoa foi infectada novamente.este caso o sistema imunológico estaria com dificuldades em derrotar o vírus e tornaria uma vacina mais difícil de ser produzida. No entanto, essa hipótese é pouco provável já que o coronavírus demonstra ter uma baixa taxa de mutação.
A taxa de mutação é o que define o quanto um vírus muda seu material genético. Um exemplo de vírus com alta taxa de mutação é a gripe comum (influenza), que confunde o sistema imunológico do portador por causa das suas mutações. Por isso ficamos gripados com tanta frequência.
Em contrapartida, existem os vírus com baixa taxa de mutação como o Vírus varicela-zoster (Catapora) e o Measles morbillivirus (Sarampo). Uma vez infectados ou vacinados por essas doenças respectivamente, não as teremos novamente pelo resto da vida, e este parece ser o caso do vírus SARS-CoV-2 que causa a Covid-19.
Além disso, um grupo de pesquisadores chineses de Beijing realizaram alguns testes em macacos rhesus, um parente primata muito próximo aos humanos no quesito genômico e após confirmar que os macacos estavam com o vírus da Covid-19, reinfectaram os mesmos para responder se a reinfecção era possível. Por este grupo testado, todos os macacos reinfectados não voltaram a apresentar sintomas, ao que tudo indica aqueles que se curaram da Covid-19 não voltaram a desenvolver a doença.
Uma segunda hipótese trabalhada é a dita pelo virologista Paulo Eduardo Brandão à revista Abril: “Sabemos que pessoas que receberam alta após o tratamento para a Covid-19 continuam excretando pedaços do coronavírus, o que daria um resultado positivo num teste desses. Isso, por sua vez, poderia ser entendido como reinfecção quando, na verdade, trata-se de uma infecção primária que não se resolveu totalmente”.
Em outras palavras, o teste estaria dando um falso positivo para as pessoas que voltam a fazer os teste e estariam, teoricamente, assintomáticas. Casos assim são detectados em lugares onde a população é muito testada, como na Coréia do Sul.
Outra hipótese é que estes pacientes não foram infectados uma segunda vez, mas sim que não foram completamente curados da primeira infecção. É possível que o tratamento elimine praticamente todo o material genético do vírus e que durante o teste o laboratório não encontre nenhum material naquela área, no entanto com o fim do tratamento o vírus volte a se replicar no corpo e a produzir sintomas.
Texto autoria de: Gustavo de Oliveira Silva
Colaboração: Marcelo Bragatte, Aline Fogal Vegi, Luciana Santana e Fernando Kokubun.
[https://academic.oup.com/nsr/advance-article/doi/10.1093/nsr/nwaa036/5775463]
[https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.03.13.990226v1.full]
[https://epoca.globo.com/sociedade/coronavirus-pode-infectar-mesma-pessoa-duas-vezes-24314179]
[https://saude.abril.com.br/medicina/e-possivel-pegar-o-coronavirus-mais-de-uma-vez/]
[https://www.youtube.com/watch?v=9GT9zqme9Mo]