Biomédica, Neurocientista (mestra e doutora), Professora @Unisinos e #SciComm em @redeanalise. Ela/Dela | #DefendaoSUS
E 2023 inicia já nos desafiando com novas variantes da COVID-19.
Esse fio tratará da #XBB15 (quem ela é, sintomas, características, o quanto temos que nos preocupar…), um pouco sobre a evolução do vírus e, naturalmente, o que fazer daqui pra frente
Vamos juntos 👇🧶
Resumo:
– Muito transmissível
– Possivelmente escapa PARCIALMENTE das defesas tal qual a XBB.1
– Bastante afinidade pra se ligar em ACE2 (pode contribuir pra alta transmissibilidade)
– Não há indicação no momento de que cause doença mais grave do que conhecemos das Ômicrons
Resumo (cont.):
– Não há indicativo de que os testes rápidos não sigam funcionando. TESTE-SE!
– As vacinas seguem protegendo principalmente contra a doença, e reforços atualizados são críticos nesse momento. VACINE-SE!
– Medicações como Paxlovid devem seguir ajudando
Agora, o fio
A #XBB15 ou XBB.1.5 é uma "versão" da XBB, uma variante recombinante da Ômicron que já conhecíamos (e inclusive foi assunto de fio em Out/22). Ela se chama recombinante pois tem elementos de duas variantes da Ômicron 'combinadas', BA.2.75 e BJ.1.
Variantes recombinantes podem surgir a partir de co-infecções, ou seja, quando uma pessoa se infecta com mais de uma versão do vírus da COVID-19 ao mesmo tempo.
Comento um pouco no tuíte abaixo (de um fio que fala só sobre recombinação):
Essa versão da Ômicron (XBB.1.5) é muito recente, e pode ter contribuído para o aumento de casos no Reino Unido no último inverno deles (verão aqui pra nós).
Uma das grandes preocupações é o quão transmissível essa variante pode ser.
Segundo eestudos, a XBB.1.5. pode ser ainda mais transmissível que a própria BQ.1.1 (que atualmente é bastante presente no Brasil). Ela apresenta mutações em uma região importante de ligação do vírus nas células (RBD) que aumenta seu escape das defesas
Porém, o escape pode não ser maior do que a gente já conhecia para a XBB.1. Também é preciso lembrar que quando falamos de escape de defesas, esse escape é PARCIAL, pois no geral está se olhando para anticorpos neutralizantes, e as defesas vão além disso
Dados iniciais indicam que as vacinas atualizadas bivalentes são capazes de melhorar a resposta de anticorpos neutralizantes "contra todas as subvariantes de ômicron (especialmente contra BA.2.75.2, BQ.1.1 e XBB)"
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMc2214293
Há de sempre se lembrar que temos as defesas celulares, bem menos dribláveis às mutações do vírus, quando comparado com anticorpos.
Até agora, o XBB.1.5 é:
– Potencialmente mais transmissível que a BQ.1.1
– Escape potencialmente parecido com a XBB.1
E o que mais sabemos dela?
A XBB.1.5 parece ter uma afinidade maior com o receptor ACE2 (que funciona como uma "porta de entrada" do vírus em nossas células). E esse aumento de afinidade parece que é importante para a transmissão dessa variante, visto sua superioridade à XBB.1
Originalmente, a variante recombinante XBB começou a ser observada em Cingapura, e suas descendentes (ex.: XBB.1.5) vem ganhando mais presença nos EUA, com uma nova onda de casos. Ainda não sabemos se a XBB.1.5 pode gerar sintomas diferentes dos vistos.
Nos EUA, estamos vendo um avanço rápido dessa variante, "dobrando [sua participação] a cada aproximadamente 8 dias durante os últimos 2,5 meses e agora estima-se que contribua com mais de 30% dos caso" 👇
No mundo, ela ainda não ganhou tanta velocidade como se vê nos EUA, mas é possível que ela substitua a BQ.1.1. Isso ainda é incerto e precisamos observar se irá se concretizar. Mas ela tem ganhado mais presença em outros países
Até agora, a XBB.1.5 foi detectada em 29 países, mas pode ser ainda mais difundido, segundo a @WHO . A baixa testagem e sequenciamento das variantes é um problema gigante nesse momento.
Se pegarmos os dados do Reino Unido, a gente percebe que por lá não temos uma grande onda como estamos percebendo nos EUA. É importante considerar também as doses de reforço administradas. Até Set/22, Reino Unido despontava na frente dos EUA
Esse fio abaixo fala um ponto MUITO importante sobre a evolução viral: graças às coberturas vacinais, p. ex., as descendentes da Ômicron não tem gerado um impacto desastroso nos hospitais, PORÉM, essas variantes não desapareceram. Elas seguem circulando.
Sabemos que o impacto de uma variante depende de suas características, sim, mas também de vários outros fatores, como o que faremos para frear sua transmissão (ex.: vacinação em massa, melhor ventilação, uso de máscara…)
Há elementos nessa equação que podemos controlar
E aqui temos um ponto importante: não é porque uma variante em franca ascenção num país não está causando uma onda massiva aqui que deixa de ser preocupante pra nós. O vírus segue evoluindo e isso é uma preocupação pra todo mundo
“Quanto mais esse vírus circular, mais oportunidades ele terá de mudar. Esperamos novas ondas de infecção em todo o mundo, mas isso não precisa se traduzir em novas ondas de morte porque nossas contramedidas continuam funcionando” – @mvankerkhove
E essa XBB.1.5 está circulando no Brasil?
Até o momento,as variantes predominantes são a BQ.1 e BQ.1.1. Temos a presença da XBB e, honestamente, a XBB.1.5 pode já estar circulando por aqui sim.
Cabe a nós, nesse momento, ficarmos atentos e reforçarmos as proteções
Como se proteger da XBB.1.5 e de qualquer variante do vírus da COVID-19:
– Use máscara em ambientes fechados/aglomerados/com má ventilação
– Vacine-se: complete seu esquema vacinal e esteja em dia com seus reforços
– Ventile melhor os ambientes
– Teste-se!
Originally tweeted by Mellanie Fontes-Dutra (Mell) 🌻 (@mellziland) on 4 de January de 2023.