Autor: Miguel Angel Buelta Martinez (@Martine44528723) – 30/07/2020
Todos os números são aqueles fornecidos pelo Ministério da Saúde. No que diz respeito ao número de óbitos que podem ter ocorrido, a análise está baseada na metodologia apresentada em trabalho anterior resumido a seguir: .
Nessa análise mostra-se o grande aumento de óbitos por SRAG em 2020(1), em relação aos anos anteriores, no qual somente uma parcela é identificada como sendo causada por COVID-19. A parcela restante é ainda bem maior do que o número de óbitos por SRAG dos anos anteriores. Isso levou à adoção de um procedimento numérico para tentar avaliar o número óbitos que podem ter deixado de ser notificados como sendo também por COVID-19. Para tanto, são definidos os seguintes valores, notificados pelo Ministério da Saúde até 29/07/2020:
N_SRAG2020 = óbitos notificados por SRAG em 2020.
N_SRAG2019 = óbitos por SRAG em 2019.
N_COVID SRAG2020 = óbitos por SRAG em 2020, já identificados como sendo causada por COVID-19.
N_SRAG = óbitos a mais que poderiam ser também por COVID-19, dado pela expressão:
N_SRAG = N_SRAG2020 – N_SRAG2019 – N_COVID SRAG2020
Notar que também são retirados do N_SRAG os óbitos por SARG de 2019 (N_SRAG2019 ), e que podem ter ocorrido devido a outras causas.
N_COVID = óbitos oficiais notificados por COVID-19.
N_COVID “real” = soma dos óbitos notificados por COVID-19 (N_COVID ) e dos óbitos N_SRAG, que pode ser o número total de óbitos por COVID-19, dado pela expressão:
N_COVID “real” = N_SRAG + _COVID
Fator = fator de multiplicação dos óbitos oficiais notificados por COVID-19, para obter-se o que pode ser o número total de óbitos por COVID-19 (N_COVID “real”/ N_COVID ).
tabelas de SRAG de 2020 e 2019, devidamente interpretadas, facilitando em muito esta análise
Tabela de Resultados
Na tabela a seguir são apresentados os valores definidos no capítulo 1, para o Brasil e seus Estados, a partir do número de óbitos acumulados por COVID-19 e por SRAG, ambos notificados pelo Ministério da Saúde até 29/07/2020.
Tabela 1: Resultados dos fatores de multiplicação dos óbitos acumulados oficiais notificados por COVID-19 (N_COVID ), para se obter o que pode ser o número total de óbitos por COVID-19 até 29/07/2020 (N_COVID “real” ).
Brasil e Estados | N_SRAG2020 | N_SRAG2019 | N_COVID SRAG2020 | N_SRAG | N_COVID | N_COVID “real” | Fator |
Brasil | 131.512 | 3.563 | 84.140 | 43.809 | 90.134 | 133.943 | 1,5 |
Minas Gerais | 6.072 | 360 | 2.638 | 3.074 | 2.608 | 5.682 | 2,2 |
Rio Gr. do Sul | 3.968 | 181 | 1.797 | 1.990 | 1.750 | 3.740 | 2,1 |
Paraná | 4.049 | 482 | 1.710 | 1.857 | 1.814 | 3.671 | 2,0 |
Mato G. Sul | 747 | 132 | 349 | 266 | 342 | 608 | 1,8 |
São Paulo | 38.680 | 852 | 22.409 | 15.419 | 22.382 | 37.801 | 1,7 |
Santa Catarina | 1.796 | 175 | 1.026 | 595 | 1.002 | 1.597 | 1,6 |
Distrito Federal | 2.421 | 95 | 1.526 | 800 | 1.419 | 2.219 | 1,6 |
Amazonas | 4.873 | 133 | 3.036 | 1.704 | 3.246 | 4.950 | 1,5 |
Bahia | 5.421 | 95 | 3.612 | 1.714 | 3.321 | 5.035 | 1,5 |
Goiás | 2.396 | 127 | 1.488 | 781 | 1.554 | 2.335 | 1,5 |
Pernambuco | 9.046 | 53 | 6.387 | 2.606 | 6.484 | 9.090 | 1,4 |
Paraíba | 2.567 | 75 | 1.790 | 702 | 1.766 | 2.468 | 1,4 |
Alagoas | 2.067 | 43 | 1.452 | 572 | 1.540 | 2.112 | 1,4 |
Ceará | 9.906 | 93 | 7.079 | 2.734 | 7.643 | 10.377 | 1,4 |
Rio de Janeiro | 17.401 | 267 | 12.500 | 4.634 | 13.198 | 17.832 | 1,4 |
Tocantins | 539 | 31 | 385 | 123 | 364 | 487 | 1,3 |
Pará | 7.408 | 79 | 5.465 | 1.864 | 5.694 | 7.558 | 1,3 |
Piauí | 1.248 | 29 | 873 | 346 | 1.292 | 1.638 | 1,3 |
Maranhão | 3.120 | 11 | 2.356 | 753 | 2.978 | 3.731 | 1,3 |
Rio Gr. do Norte | 1.775 | 79 | 1.284 | 412 | 1.735 | 2.147 | 1,2 |
Roraima | 615 | 3 | 515 | 97 | 493 | 590 | 1,2 |
Amapá | 388 | 8 | 294 | 86 | 559 | 645 | 1,2 |
Sergipe | 1.121 | 13 | 955 | 153 | 1.390 | 1.543 | 1,1 |
Esp. Santo | 2.279 | 58 | 1.953 | 268 | 2.486 | 2.754 | 1,1 |
Rondônia | 615 | 18 | 515 | 82 | 855 | 937 | 1,1 |
Mato G. Norte | 723 | 51 | 525 | 147 | 1.702 | 1.849 | 1,1 |
Acre | 415 | 61 | 365 | -11 | 510 | 499 | 1,0 |
Portanto, segundo as hipóteses desta análise, o fator de multiplicação dos óbitos oficiais notificados por COVID-19, para obter-se o que pode ser o número total de óbitos por COVID-19 (N_COVID “real”/ N_COVID ), varia de estado para estado, a depender de como foi identificado o grande aumento de óbitos por SRAG em 2020, em relação aos anos anteriores.
A observação dos resultados da tabela propicia que se façam várias análises para cada estado, o que foge dos objetivos deste trabalho.
Segundo as hipóteses colocadas no texto existiria uma subnotificação de óbitos por COVID-19 variável ao longo do país. Para obter-se o que pode ser o número total de óbitos por COVID-19, os óbitos oficiais notificados devem ser multiplicados por um fator que varia desde 2,2 (Minas Gerais) a 1,0 (Acre), passando por 1,5 para o Brasil como um todo.
Esse fator de multiplicação varia de acordo como cada estado tratou a questão grande aumento de óbitos por SRAG em 2020, em relação aos anos anteriores. Os valores reais poderão ser até maiores do que aqueles aqui estimados, pois consideram-se os óbitos por COVID-19 que circularam pelo sistema de saúde e que foram identificados, seja por SRAG, seja por COVID-19.