Biomédica, Neurocientista (mestra e doutora), Professora @Unisinos e #SciComm em @redeanalise. Ela/Dela | #DefendaoSUS
Fiozinho sobre COVID-19! Abordarei os assuntos:
1⃣O que temos de novidade sobre variantes/próximas variantes?
2⃣Proteção pela infecção vs. Proteção pela vacina: qual o melhor custo-benefício?
3⃣Mais dados de segurança das vacinas
4⃣Dados do ensitrelvir 👀
Pega o ☕️ e vamos 🧶👇
RESUMEX:
1⃣Atenção para o crescimento de variantes recombinantes e suas descendentes
2⃣Vacinação segue com o melhor custo-benefício
3⃣Vacina de RNAm não leva a um aumento de autoanticorpos, reforçando a segurança
4⃣Ensitrelvir: promissor, mas precisa de mais dados
Detalhes 👇🧶
1⃣Como sabemos, a Ômicron está ditando o passo da evolução viral do vírus da COVID-19 (SARS-CoV-2). Como variante dominante, suas descendentes tem ganhado espaço, gerando ondas, desde sua emergência.
Uma delas, é a XBB.1.5, que explico abaixo:
Felizmente, tivemos boas notícias em relação às vacinas pensando nessa (e outras) variantes que atualmente nos chamam a atenção.
As vacinas mantêm uma proteção contra as variantes atualmente em circulação, principalmente contra a doença!
Atualmente, no mundo, a XBB.1.5 junto da XBB.1.9.1. tem ganhado espaço, enquanto que a BQ.1 e a BA.2 vem perdendo espaço para essas variantes.
Com sua alta circulação, talvez vejamos mais descendentes dessa variante nas próximas que surgirão.
2⃣ Um paper recente sugere que para variantes ANTES DA Ômicron, a proteção obtida pela infecção esteve presente por mais de 40 semanas e foi alta. No entanto, para a Ômicron, a proteção foi baixa e diminuiu rapidamente ao longo do tempo
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)02465-5/fulltext
Algumas pessoas usaram isso para alfinetar quem sustentava que a proteção pela vacinação era melhor. A questão aqui é que não podemos olhar para o dado de proteção sozinho.
Temos que pensar no CUSTO-BENEFÍCIO, pois estamos falando de um vírus que pode causar doença
Mesmo pensando que a proteção contra a infecção foi alta e duradoura PARA VARIANTES PRÉ-Ômicron, a infecção traz riscos da doença (e suas versões mais sérias), além de riscos de sequelas após a recuperação.
Por ser um contexto não controlado, não sabemos a extensão da proteção que quem se recuperou da infecção (e não se vacinou) desenvolveu.
É diferente da vacina, pois estudos foram feitos pra escolher a melhor dose de acordo com a segurança e os componentes da resposta induzida
Como @Marc_Veld destaca, a proteção contra infecção diminui rapidamente, vemos tanto pras vacinas, quanto para a imunidade pela infecção. Mesmo pensando em outras proteções NO PERÍODO PRÉ-ÔMICRON, a vacinação segue com o melhor custo-benefício ANTES E HOJE
Acho que vale também destacar que hoje temos muitas pessoas que se vacinaram e se infectaram, e essa imunidade híbrida reforça as defesas.
É aquilo né: se for pra encontrar o vírus, que tu esteja pronto para isso, e a vacinação te prepara para esse momento!
3⃣ @VirusesImmunity e colaboradores realizaram um estudo muito elegante, mostrando que as vacinas de RNA mensageiro não desenvolvem novas respostas autoimunes (que estão por trás de doenças autoimunes), diferente do vírus da COVID-19, que pode causar isso
https://www.nature.com/articles/s41467-023-36686-8#Sec2
Mesmo naquelas pessoas que tem doenças autoimunes diagnosticadas e daí receberam a vacina de RNAm contra a COVID-19, ou em pacientes que tiveram miocardite, a vacina não levou a um aumento dos autoanticorpos, reforçando ainda mais seu perfil de segurança!
Mais sobre vacinas: a @ONS revelou dados do Reino Unido🇬🇧 (31/03/21-31/03/22) a proteção contra hospitalização para os grupos vacinados (1, 2 ou 3 doses) chegou até 80%, enquanto que a contra morte chegou até 90%
Outro artigo mostrou que a eficácia das vacinas segue alta para reduzir riscos de hospitalização e morte (Proteção contra hospitalização: 94%; contra a morte: 86%). Receber reforços estimulam as defesas (como anticorpos, p. ex), aumentando a proteção
4⃣Por fim, dados publicados na @Nature mostram que "o antiviral ensitrelvir (ainda em estudos, não aprovado por agências reguladoras), pode reduzir sintomas em pessoas com COVID leve e pode reduzir o risco de COVID longa – mas são necessários mais dados"
REFORÇO: AINDA EM INVESTIGAÇÃO. Um ensaio clínico com 1.200 pessoas sugeriu que quem tomou o antiviral "se recuperou de 5 sintomas específicos – nariz entupido/escorrendo, dor de garganta, tosse, sensação de calor/febre e cansaço – ~24h antes do que os do grupo de controle"
Um grupo desses participantes foi questionado se algum sintoma surgiu/persistiu 3-6 meses após a inscrição no estudo. Quem teve sintomas durante a COVID-19 e tomou o antiviral teve um risco de 14% de desenvolver COVID longa vs. risco de 26% para quem recebeu um placebo.
No entanto, existem viéses importantes e limitações. O estudo não tinha o desenho experimental de investigar essa questão da COVID longa, e por ser um estudo exploratório, não podemos tirar conclusões para além de possibilidades em investigação!
Por outro lado, dados sugerem que quem tomou o antiviral Paxlovid durante a fase aguda da infecção pode ter um risco menor para o desenvolvimento de sequelas pós-COVID.
O estudo é um preprint e precisa ser revisado por pares.
https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.11.03.22281783v1
Agora pra terminar mesmo:
– vai ter fio só com atualizações da COVID longa! Acho que na próxima semana já estará aqui 💜
– Se puder tomar seu reforço agora, tome! Não sabemos quando haverá ampliação da bivalente para outros grupos e temos um alerta:
O @MarceloBragatte e o @todospelasaude mostram a dominância da XBB.1.5 aqui no país, gerando a primeira onda de casos de 2023 aqui no país.
Momento de atenção e de reforçar cuidados de acordo com sua análise de risco individual/exposição para outros
Falo sobre risco individual porque hoje não temos a obrigatoriedade do uso de máscara, por exemplo, ou de outra medida não-farmacológica. Cabe a cada um de nós realizar essa ponderação e pensar o quanto podemos também estar expondo outras pessoas com nossos comportamentos
E, reforçando: as vacinas convencionais (ou não atualizadas) seguem protegendo contra as variantes atuais, como a XBB.1.5! E estar com seus reforços em dia diminui o impacto que essas Ômicrons tem nas nossas defesas
É isso pessoal! Espero que tenham gostado! Compartilhem e curtam esse conteudinho que deu um trabalhinho pra fazer, mas é sempre uma satisfação poder estar com vocês falando sobre ciência e saúde pública!
Feliz por ter esse privilégio dessas trocas 🌻
Originally tweeted by Mellanie Fontes-Dutra, PhD (@mellziland) on 9 de March de 2023.