Biomédica, Neurocientista (mestra e doutora), Professora @Unisinos e #SciComm em @redeanalise. Ela/Dela | #DefendaoSUS
Com estimativas chegando a 1 milhão de óbitos nos próximos meses, muitos se perguntam: o que está acontecendo na China? Por que o país enfrenta uma nova onda de casos de COVID-19? Isso é explicado pelo surgimento de uma nova variante?
Mini-fio 🧶👇
https://www.nucleo.jor.br/poligono/2022-12-20-nova-onda-de-covid-na-china/
Muitas dessas perguntas estão sendo abordadas no Polígono de hoje. O link de acesso está acima e deixei já lá para tu compartilhares com teus seguidores já com os assuntos que estão sendo abordados nele.
Nesse mini-fio, falarei sobre variantes circulando na China!
Bueno, com a alta transmissão e um grande número de novos casos, mais chances o vírus vai ter de acumular novas mutações, podendo se diversificar ainda mais, com novas “versões” de si. Com a dominância global da Ômicron, estamos vendo uma grande diversificação dessa variante.
Na China, temos a presença da variante BF.7 (ou BA.5.2.1.7, uma ‘descendente’ da BA.5, que já conhecemos). Dados iniciais indicam que ela tem aumento de transmissibilidade, período de incubação curto e muita capacidade de infectar recuperados de COVID-19.
https://www.globaltimes.cn/page/202211/1280588.shtml
Após o fim abrupto da política “zero COVID” (explico no post do Polígono – link no primeiro tuíte), a China não passará a reportar mais casos assintomáticos de COVID-19, uma vez que com o elevado número de novos casos, ficou “impossível de rastrear”
Isso é um problema pois assintomáticos contribuem para a transmissão do vírus. E se não forem renomadas restrições temporárias, além de um forte incentivo à vacinação, as estimativas de 1 milhão de óbitos podem passar a ser cada vez mais reais
https://www.nature.com/articles/d41586-022-04502-w
Segundo os dados atuais, os sintomas da infecção pela BF.7 são muito parecidos com os já observados para outras sub-linhagens da Ômicron, afetando principalmente as vias aéreas superiores. Sintomas como febre, tosse, fadiga, nariz escorrendo e dor de garganta, p. ex.
A BF.7 já foi detectado em muitos países, como Índia, EUA, Reino Unido e outros países europeus. Nos EUA e em UK, a BF.7 não parece que tem crescido ou ganhado espaço frente a outras variantes que já são mais dominantes lá
https://theconversation.com/covid-what-we-know-about-new-omicron-variant-bf-7-196323
Mas por que essas estimativas de 1 milhão de óbitos nos próximos meses na China?
Temos de lembrar que quando um grande número de pessoas fica doente ao mesmo tempo, isso sobrecarrega o sistema de saúde. Muitas pessoas podem ficar sem atendimento adequado, e isso impacta na saúde
O excesso de mortes que essa onda pode causar por conta de vários fatores, como a sobrecarga hospitalar, é imenso. Especialmente pensando numa população em que 40% das pessoas de 80+ anos recebera uma terceira dose da vacina. As baixas coberturas vacinais trazem riscos.
Cabe lembrar que mesmo que a BF.7 esteja contribuindo com a rápida transmissão na China, outros fatores também são decisivos para esses novos casos: baixas coberturas vacinais, especialmente nos mais velhos que tem mais risco, flexibilizações abruptas, por exemplo:
A BF.7 pode se tornar dominante por aqui?
É difícil de responder porque:
1) Ainda precisamos aprender mais sobre essa variante
2) Não sabemos como se dará a competição dela frente a BQ.1 e outras variantes mais presentes por aqui
3) Precisamos ampliar as coberturas vacinais
Pelo que estamos vendo, nos EUA por exemplo, há uma grande presença de variantes como a BQ.1.1 e BQ.1, além do crescimento de variantes recombinantes como a XBB por lá. Não sabemos se a BF.7 tem características que a tornem mais apta a “fazer frente com quem já tá na frente”
E aqui no Brasil também temos um cenário com a presença da BQ.1, BQ.1.1 e da BE.9, que comentei num fio anterior (https://twitter.com/mellziland/status/1592958547880706050). Tudo isso precisa ser levado em consideração antes de assumir que a BF.7 poderia ganhar mais espaço por aqui
Independente, estamos convivendo há quase 3 anos com esse vírus, sabemos o que fazer. Em qualquer sinal de sintoma gripal, TESTE e isole-se. Complete o esquema vacinal e esteja em dia com seus reforços. Use máscara em ambientes mal ventilados.
Não deixe o vírus entrar na festa!
Complemento do @rafalpx
Originally tweeted by Mellanie Fontes-Dutra (Mell) 🌻 (@mellziland) on 20 de December de 2022.