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Estatísticas sobre COVID-19: como interpretar e os conceitos que precisamos saber para entender um gráfico dos casos

17.04.2020

Por: Mell

Texto de Felipe Benites Siga ele no Twitter < @LFelipeB

Estamos sendo bombardeados diariamente com diversos tipos de gráficos, apresentando os dados do crescimento da COVID-19 no mundo e talvez seja a primeira vez que algumas pessoas estejam sendo apresentadas a estas ferramentas visuais. Assim é essencial saber realizar a leitura de um gráfico e conhecer suas limitações e o potencial que tais análises podem conferir. Diversas fontes estão compilando e explorando os dados relacionados a origem, ao crescimento e as tendências da COVID-19 no mundo, e esses dados podem auxiliar no planejamento de políticas públicas de urgência, por exemplo, para saber o melhor momento em que as atividades econômicas poderão ser retomadas, ou para focar em regiões onde ocorre o alto crescimento da doença.

“Mas o que esses números e linhas significam?” Você poderia se perguntar. E mais, como ler um gráfico?”

Os gráficos que mais têm sido apresentados nos meios de comunicação são os gráficos de linhas, como neste exemplo hipotético abaixo, representando o somatório do número de casos para COVID-19 (de 0 a 100) entre os meses de Fevereiro a Maio (Figura 1).

Agora, para facilitar a leitura e interpretação do gráfico, vamos decompor as informações? A primeira tarefa na leitura deste gráfico é identificar os eixos, o horizontal (eixo X) e o vertical (eixo Y) (Figura 2).

Geralmente no eixo vertical (Y) é onde se encontram as grandezas relacionadas a quantidades, por exemplo, número de casos (Figura 3). Já no eixo horizontal (X), geralmente são apresentados os dados relacionados a passagem do tempo, como datas (ou meses) ou somente o número de dias (por exemplo, partindo do primeiro dia com casos reportados ou do primeiro dia de “distanciamento social”).

Por último, linhas são traçadas (geralmente partido de zero e aqui em vermelho) até os valores e datas correspondentes ao tempo presente (e quantidade), como na Figura 1.

Quando você quiser encontrar determinada informação dentro do espaço do gráfico, por exempo o número de casos para determinado ponto no tempo (vamos supor para metade de março), você pode usar o seu dedo, ou uma caneta por exemplo, e seguir a data de março marcando um ponto onde se encontram as duas informações (como na Figura 4), onde neste caso seriam em torno de 37 casos.



 

 

Agora que já você já possui as ferramentas para compreensão da linguagem visual dos gráficos, é importante ainda conhecer os conceitos mais utilizados, suas limitações e ressalvas quando for interpretá-los para casos da COVID-19:

1- O número de casos por dia:

É a quantidade de casos confirmados diariamente, comunicados pelas secretarias de saúde estaduais ou Ministério da Saúde. Dessa forma, podem apresentar divergências numéricas (secretarias estaduais estarão sempre à frente do Ministério que compila os dados ao fim do dia).

Estes números refletem diretamente o número de testes realizados. No Brasil, se estima uma subnotificação, dado que somente em torno de 300 testes são realizados por milhão de habitantes. Portanto é uma aproximação baixa do número de pessoas que estão de fato contaminadas.

2- O número de óbitos por dia:

É a quantidade de mortes associadas a confirmação de testes positivos para COVID-19 comunicadas pelos hospitais para secretarias de saúde estaduais e Ministério da Saúde.

Tais números devem ser tratados com cautela, uma vez que estão atreladas a testagem dos casos e dependem do tempo entre efetuar o teste e comunicar o resultado. Devido a isto, existe uma descompasso, uma demora entre reportar os óbitos e atrelar o resultado dos testes. Outro problema, que também leva a subnotificação é que muitas pessoas que podem ter falecido por COVID-19 não possuíam resultado do teste, e talvez nem mesmo o tenham realizado.

3- O somatório total de casos acumulados:

Dado que leva em consideração o total de casos desde o primeiro dia, com os números do dia somados ao total, não levando em consideração os casos onde houve óbito ou recuperação. Assim a cada dia, são acrescentados ao valor anterior os novos casos diagnosticados. Um gráfico ideal é quando o somatório se estabiliza e não mais cresce, ou muito lentamente, o que indicaria que o espalhamento do vírus perdeu força.

Com essas informações básicas, daqui para frente vai ser possível que você leia, interprete e até mesmo explore os dados para o crescimento da contaminação do vírus Sars-cov-2, causador da COVID-19, repassando para as pessoas no seu núcleo familiar e afetivo. Além disso, possuindo esta informações é possível se planejar e organizar para os próximos dias, tentando manter uma serenidade e racionalidade diante de um futuro que é incerto, mas não totalmente invencível ou imutável, ainda em tempo.

Inspirado por:

https://www.theguardian.com/world/2020/apr/12/coronavirus-statistics-what-can-we-trust-and-what-should-we-ignore

Fontes:

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/matematica/leitura-e-interpretacao-de-graficos-cada-vez-mais-os-vestibulares-exigem-essa-competencia.htm?cmpid=copiaecola

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