Achar uma vacina pode ser a melhor maneira de voltarmos à normalidade o mais cedo possível. Porém, o desenvolvimento de uma vacina é algo bem menos trivial do que parece.
Em média uma vacina demora cerca de 10 a 15 anos desde o seu desenvolvimento em laboratório até a distribuição. Isso acontece porque antes mesmo de chegar a ser testada em humanos ela deve passar por diversas etapas e testes.
Na primeira etapa os cientistas devem entender a causa da doença e isso não é só saber qual patógeno a causa, mas também entender como ele entra no corpo, em que região ou tecido se aloja, como se replica, como causa os sintomas e qual será a eficácia do nosso sistema imunológico reagindo aos desafios.
No entanto, para descobrirem isso é preciso primeiro saber qual vírus ou bactéria está causando aqueles sintomas, podendo ser um novo tipo de patógeno ou um já conhecido. Logo depois o patógeno precisa ser cultivado e replicado em laboratório, o que nem sempre é possível ou fácil.
Estudar o causador da doença e seus efeitos, ter acesso a um grande número de artigos e textos sobre o mesmo, são importantes pois serão usados para decidir as próximas etapas.
A segunda etapa, chamada estudo pré-clínico, se baseia em testar qual tipo de vacina será a mais adequada para a situação. Os tipos mais comuns são as inativadas, nas quais os microrganismos são manipulados para não causarem danos e nem se replicarem em humanos, e as atenuadas, nas quais a virulência é reduzida a um nível seguro por meio do calor ou de reações químicas. Regularmente vacinas confeccionadas a partir de agentes mortos precisam de um número maior de doses para estimular efetivamente o sistema imune.
Entretanto, existem outros métodos como a toxóide-composta e a de subunidades, que não usam o patógeno. A toxóide-composta usa um estabilizador para neutralizar a toxina gerada, já a de subunidade pega apenas parte do material genético, que pode ser usado pelo sistema imunológico para criar anticorpos, e o injeta em uma bactéria ou célula para, assim, desenvolver uma vacina.
Vacinas apresentam além disso métodos variados para aplicação, as de administração oral são focadas em microrganismos que atacam o trato gastrointestinal, outras são necessárias em certos conjuntos de células específicas, portanto precisam ser injetadas para chegar aos locais alvo.
As vacinas simulam uma infecção, mas sem os sintomas e a doença em si. Quando a vacina é injetada no corpo o sistema imunológico entende como ameaça e o elimina, desta forma criando imunidade contra o microorganismo.
Além disso, as vacinas são importantes por ajudarem a criar imunidade de grupo, isto é, imunizam boa parte da população e os microorganismos morrem antes de infectar pessoas não imunes.
Após tudo dar certo nos estudos pré-clínicos caminha-se para as pesquisas clínicas, na qual começam os testes em seres humanos.
Essa etapa é dividida em três fases, cada uma delas com um número maior de voluntários e então os resultados são publicados para a validação por outros grupos com especialistas da área. Após exaustiva validação da eficiência e efeitos colaterais que será levada a teste pelo uso comercial. Finalmente será obtido o registro sanitário e liberação da vacina.
A frase na matéria da revista Abril nos ajuda a ter um pouco de perspectiva do quão trabalhosas e rigorosas são cada etapa: “de cada 5 mil novas moléculas que são testadas em todas aquelas fases que mencionamos acima, apenas uma consegue passar com sucesso e ser aprovada para uso comercial”.
Apesar de todas essas etapas e do rigor necessário para tratar e testar em pessoas, graças aos esforços globais a previsão para uma vacina contra o coronavírus é de 18 meses.
Texto autoria de: Gustavo de Oliveira Silva
Colaboração: Aline Fogal Vegi, Marcelo Bragatte e Renata Bernardes
[https://saude.abril.com.br/medicina/fazer-uma-nova-vacina-e-muito-mas-muito-dificil/]
[https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-quanto-tempo-vacina/]
[https://www.sciencealert.com/who-says-a-coronavirus-vaccine-is-18-months-away]