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A taxa de transmissão da COVID-19 está caindo no Brasil… Qual Brasil?

20.08.2020

Por: Mell

Escrito por: Juliana Arena Galhardo (@jugalhardo)
Revisado por: Mellanie F. Dutra (@mellziland) Leopoldina Lavor (@lavordina)

No dia 17 de agosto o Imperial College London divulgou o relatório mais recente sobre a situação da COVID-19 no Brasil, utilizando dados do Ministério da Saúde. Conforme as análises, a taxa de transmissão (R estimado) foi de 0,93 (IC95% 0,8-1,04). Isso pode significar que, finalmente, começaremos a ver a curva de transmissão cair. Mas antes de sermos tomados pela onda de otimismo e de “acabou”, precisamos ponderar alguns aspectos (já falamos anteriormente na Rede sobre R0 e o controle de uma epidemia e Rt e a dinâmica de uma epidemia, vale relembrar).

Estas análises foram realizadas com dados do Brasil como um todo, e sabemos que o cenário epidemiológico da COVID-19 não é homogêneo no país. Temos regiões, estados e municípios em plena curva ascendente, enquanto outros estão estagnados no “platô” – as frequências de casos e óbitos pouco se modificam ao longo do tempo – e outros ainda com curva decrescente e já ensaiando ou executando a retomada do “novo normal”. Isso significa que o R=0,93 não se aplica a qualquer lugar do Brasil… continue lavando as mãos.

O intervalo de confiança (IC95%) que acompanha o R de 0,93 indica que o valor calculado pode estar entre 0,8 e 1,04, com 95% de probabilidade. Então pode ser que a estimativa esteja subestimando (ou superestimando) a realidade. Pode ser que nosso R “Brasil” no mundo real ainda não esteja abaixo de 1,0, então a transmissão ainda pode estar sustentada em diversos lugares do país… continue usando máscara.

Outros grupos brasileiros também calculam frequentemente as taxas de transmissão. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o pessoal da UFRJ calcula o R inclusive em nível municipal, e os R ainda não estão abaixo de 1,0

O Flavio Figueiredo da UFMG também tem feito um trabalho muito bacana com as estimativas de R para todos os estados brasileiros e capitais, a pesquisa aponta que a análise de 15 de agosto mostra Rt estimado de 1,0 para o Brasil. Dos estados, estimou Rt menor que 1,0 em 16 estados e Rt maior ou igual a 1,0 em 11 estados, além de várias diferenças entre Rt do estado e da respectiva capital… prossiga com o isolamento social.

Depois destas ponderações, fica o que já sabemos: temos que ser esperançosos mas não podemos nos descuidar nem por um minuto. A pandemia de COVID-19 no Brasil tem muitos cenários particulares e pode até arrefecer, mas não podemos nos basear em dados gerais – nem do Imperial College.

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