Biomédica, Neurocientista (mestra e doutora), Professora @Unisinos e #SciComm em @redeanalise. Ela/Dela | #DefendaoSUS
O filme “Died Suddenly” NÃO traz evidências de que as vacinas estão por trás dos excessos de óbitos, tampouco seriam “armas biológicas” para o despovoamento global.
Não, os dados do CDC também NÃO indicam essa relação com as vacinas.
O que é fato?
Recebi muitas mensagens sobre um filme chamado “Died Suddenly”. Não vou entrar em detalhes, mas o enredo é recheado de teorias da conspiração (“elite que quer despovoar o mundo”) e fake news sobre a COVID-19. A tentativa é vincular o excesso de mortes às vacinas contra a COVID-19
As vacinas tem salvado muitas vidas na pandemia da COVID-19, e a alegação de que o excesso de óbitos ocorre por causa da vacina é falsa.
O maior aumento da incidência de parada cardíaca ocorreu em 2020, p. ex., antes das vacinas, segundo o CARES*
Entre as falsas alegações, há também falsos contextos. Um vídeo educativo no YouTube abordando procedimentos para resolver uma embolização pulmonar foi descontextualizado e trazido no vídeo, dizendo que era de uma pessoa vacinação que havia morrido. Não era.
Estudos recentes também tem mostrado que o risco de miocardite pela COVID-19 é pelo menos 4x maior do que qualquer risco oferecido pela vacinação, considerando pessoas jovens, inclusive
https://twitter.com/mellziland/status/1594759173115465729v
O mesmo padrão de risco oferecido pela COVID-19 também foi observado considerando a trombose: ocorrência de eventos trombóticos e AVC foi MAIOR naqueles com COVID-19 do que em vacinados; Nenhum risco significativo desses eventos foi visto pós vacinação:
O ecossistema da desinformação usa vários truques para te convencer a respeito de alguma coisa, e um deles, é o apelo emocional.
Vacinas não são armas biológicas para despovoar o mundo. Vacinas salvam vidas.
Alguns links para quem quiser se aprofundar um pouco mais nessas checagens, ou mandar para alguém que assistiu e está inseguro com as informações:
https://esportes.yahoo.com/noticias/died-suddenly-usa-alega%C3%A7%C3%B5es-falsas-191148454.html
https://www.factcheck.org/2022/12/scicheck-died-suddenly-pushes-bogus-depopulation-theory/
Não bastando isso, temos alegações (spoiler: falsas e descontextualizadas) dizendo que o CDC informou que 1.1 milhões de óbitos ocorreram após a aplicação das vacinas contra a COVID-19 e que a taxa de óbitos em vacinados é maior que em não vacinados.
O que é fato ou fake? 👇
Sobre o excesso de óbitos em 1.1 milhões após o início da vacinação (vs. 2015-2019) já começa problemático porque no mesmo período tivemos a própria COVID-19. Ainda, o documento comenta que na mesma semana (38) o excesso de óbitos em 2022 foi maior que em 2020. Calma lá
Curioso que, ainda em Janeiro de 2022, tivemos a checagem de uma alegação parecida, em que dados do CDC indicariam que 1 milhão de pessoas teriam morrido por conta de eventos adversos pós vacinação – uma falsa afirmação.
A alegação acima usa a base do VAERS para comprovar esses dados, e sabemos que essa base NÃO deve ser usada para essa finalidade. Ali temos apenas as notificações desses eventos, que ainda passarão por investigações para definir se a vacina tem relação
Cabe relembrar que em 2022 tivemos a circulação de uma das variantes mais transmissíveis, a Ômicron (e suas várias versões). Uma variante muito transmissível num cenário em que medidas de restrição são escassas traz riscos, principalmente para os mais vulneráveis e não vacinados
E um ponto que às vezes gera dúvida é a questão de que hoje, mais óbitos estão sendo vistos em vacinados do que não vacinados, nos EUA. Pessoal, os EUA tem mais de 80% de sua população com pelo menos 1 dose*. Explico aqui:
https://covid.cdc.gov/covid-data-tracker/#vaccinations_vacc-people-booster-percent-pop5
A melhor escolha é a vacinação pessoal. Só no primeiro ano de vacinação, as vacinas evitaram 20 milhões de óbitos. E, infelizmente, menos óbitos foram evitados em locais com baixa cobertura vacinal:
Centenas de milhares de vidas poderiam ter sido salvas com melhores políticas de enfrentamento contra a COVID-19, o que inclui uma maior vacinação e o quão rápido essa vacinas chegaram nos braços da população, principalmente os mais vulneráveis
Cuidado com a desinformação pessoal. Ao receber ou ver qualquer notícia que faz um apelo emocional muito grande, que traz elementos conspiratórios de “não querem que tu saiba” ou “documentos secretos” etc, desconfie. E na dúvida, mande para um especialista ajudar!
Originally tweeted by Mellanie Fontes-Dutra (Mell) 🌻 (@mellziland) on 6 de December de 2022.